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Resultado do exame ferritina alta, inflamação ou excesso de ferro – hemocromatose e a sangria

Para saber se você tem a ferritina no sangue alterada, alta ou baixa, será necessário realizar um exame laboratorial, não requer jejum, mas se puder adiar a realização do teste quando estiver gripado ou com evidência de alguma inflamação é recomendado (ver abaixo). O teste tem por finalidade avaliar e diagnosticar anemias ferroprivas e homocromatoses.

No caso da anemia ferropriva geralmente a ferritina é solicitada pelo médico depois de identificar no hemograma uma hemoglobina e hematócrito baixos, com presença de microcitose e hipocromia, pode solicitar ainda, capacidade total de ligação de ferro, dosagem de ferro sérico. A ferritina está localizada em vários tecidos como fígado, baço, medula óssea e intestino.

Ferritina é a proteína principal de armazenamento de ferro

A ferritina é a proteína principal de armazenamento de ferro no corpo, desta forma quantifica indiretamente as reservas de ferro.

O valor do exame ferritina reflete o nível de estoque celular de ferro, mas atenção para os estados inflamatórios.

Thiago Zago relata que quase todo o ferro contido nas moléculas de hemoglobina e de citocromos é reciclado.

As hemácias com mais de 120 dias são eliminadas e degradadas no baço e no fígado.

A molécula de hemoglobina da hemácia é formada por uma parte protéica (globina) e pelo grupamento heme.

A globina é degradada a aminoácidos e o grupamento heme é clivado e libera CO e Fe3+ (férrico).

O ferro liberado é estocado em partículas de ferritina nos macrófagos. Tal partícula consiste de um envoltório protéico chamado de apoferritina, que envolve até 4300 íons de Fe3+.

O ferro absorvido no TGI também é absorvido como Fe3+ e é armazenado na molécula de ferritina.

No sangue, o Fe3+ é transportado por uma molécula chamada de transferrina. A molécula de transferrina transporta dois íons de Fe3+ de cada vez.

Normalmente, por volta de 20% do ferro do organismo está ligado a ferritina na forma reversível, como um estoque de ferro intracelular, o restante está livre ou ligado a hemoglobina, mioglobina, transferrina ou enzimas.

Que tipo de laboratório realiza o exame ferritina

Qualquer laboratório realiza o teste, mas alguns não contam com o equipamento necessário para a dosagem da proteína.

Alguns laboratórios enviam o material para instituições de apoio, a única diferença é que o resultado vai demorar um pouco, normalmente 1 a 4 dias.

Para ter essa informação deverá perguntar na recepção do laboratório que você vai realizar a coleta de sangue.

Valores normais para homens e mulheres do exame ferritina

Valores normais de ferritina para homens e mulheres:

Mulheres: de 10,0 até 291,0 ng/mL
Homens: de 22,0 até 322,0 ng/mL

Quando ocorre aumento e diminuição da ferritina

Níveis elevados são sugestivos de doenças de armazenamento de ferro, e níveis baixos de ferritina são sugestivos de anemia por deficiência de ferro.

Mas o hematologista Flávio Naoum, lembra que em casos onde está presente processo inflamatório ou infeccioso a ferritina também vai aumentar, (de fase aguda).

Neste caso, não tem relação com o ferro, portanto, não é sempre que a ferritina alta é reflexo de ferro alto.

Ao realizadar o exame quando estiver gripado ou com algum processo inflamatório vai dar resultado elevado e não tem relação com excesso de ferro.

O que significa níveis elevados de ferritina

Os níveis elevados de ferritina pode significar que o corpo tem muito ferro.

Na hemocromatose doença hereditária, no qual existe uma acúmulo excessivo de ferro no organismo, a absorção diária de ferro a partir do intestino é maior do que a quantidade necessária para repor o que é gasto ou perdido.

Sendo que o organismo não tem condições de aumentar a excreção de ferro, este vai se acumulando.

O principal órgão afetado com o acúmulo é o fígado, surge cirrose, no pâncreas atrofia e diabetes, nas gônadas, atrofia e azoospermia.

Reflete também na pele, fica uma cor bronzeada. No intestino, deficiência da barreira ao ferro. A hemocromatose é uma doença progressiva ao longo da vida.

Quando o ferro vai se acumulando em órgãos como fígado, coração, articulações e testículos nos homens, ocorre um prejuízo ao longo do tempo na capacidade destes órgãos.

Podendo ocorrer cirrose, insuficiência cardíaca, diabetes, dores articulares e disfunção sexual.

As mulheres por perderem mais ferro na menstruação os sintomas de uma hemocromatose surgem mais tarde do que os homens, mas também estão sujeitas a ter a doença hereditária.

Outros casos que a ferritina também está aumentada

O excesso de ferro nos órgãos é que será prejudicial para o organismo, a ferritina em si não tem efeito agressor.

A ferritina também pode estar aumentada em alcoólatras, em pessoas com doenças hepáticas, hepatite C e hepatite autoimune, além do uso de substâncias tóxicas ao fígado.

Pessoas com processos inflamatórios, principalmente crônico, podem apresentar valores elevados, a ferritina funciona como proteína de fase aguda, além de outras doenças que podem elevar está proteína.

Por isso, somente o médico tem capacidade de saber quando está acontecendo este evento, neste caso não está indicado sangrias, mas sim outros tratamentos devem ocorrer.

Como acontece com qualquer teste de sangue, o resultado é interpretado em conjunto com o resultado de outros testes laboratoriais, exame físico completo do paciente e a história médica, para estabelecer um diagnóstico.

Tratamento preconizado quando a ferritina está acima de 1000 ng/ml em hemocromatose

Hoje, o tratamento preconizado em casos de hemocromatose para reduzir as altas taxas de ferro são as flebotomias (sangrias), retirar sangue.

Pacientes com ferritina sérica acima de 1000 ng/ml retira uma bolsa de sangue por semana, dosando a ferritina a cada 4 a 8 semanas, o ferro que fica nos tecidos será removido para ser utilizado na formação de “novo sangue” até que não há mais excesso (no início do tratamento, definido como ferritina sérica menor ou igual a 20 ng/ml).

Depois, são realizadas novas flebotomias em intervalos variáveis procurando manter o valor de ferritina sérica menor ou igual a 50 ng/ml.

Com estes cuidados, não costuma surgir anemia significativa durante o tratamento e a evolução da doença é interrompida, não levando a progressão das lesões nos órgãos-alvo.

Outra opção de tratamento, usada especialmente nos que não toleram a flebotomia pela presença de anemia, é a quelação, medicamentos que se ligam ao ferro e são eliminados, mas os efeitos colaterais são muitas vezes danosos ao organismo.

Silvano Vilela
Silvano Vilelahttps://www.plugbr.net/about/
Farmacêutico Bioquímico. Escreve sobre exames laboratoriais, testes de farmácia e tecnologia em saúde. Compartilha neste site que fundou em 2006 as experiências adquiridas dentro de um hospital.

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