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Exame para análise de cálculo renal – tamanho, peso e composição química da pedra dos rins

Contei no último post que escrevi sobre pedra nos rins, como eliminei um cálculo renal, medicamentos e exames realizados, e agora vamos falar um pouco da análise que é possível fazer para verificar características como, peso, tamanho, cor, aspecto e demais avaliações físicas, além da composição química, se o material é oxalato de cálcio, ácido úrico, entre outros nos cálculos eliminados ou retirados cirurgicamente e saber a função da realização deste exame.

Por volta de 70 a 80% das pessoas que já tiveram cálculos e eliminaram, voltam a produzir novas pedras, daí a importância de se saber de qual material é composto, oxalato de cálcio, ácido úrico e outros, para que o médico possa orientar o paciente de forma mais direcionada, buscando restringir o uso de alimentos ou medicamentos, responsáveis pela formação do cálculo, ou tratando desajustes orgânicos que também possam estar colaborando para o aparecimento das pedras.

Na urina existe elementos químicos com características protetoras para o organismo, eles impedem a formação de pedras, mas dependendo de fatores diversos, em algum momento passam a não funcionar perfeitamente ocasionando o surgimento de cálculos.

Quando estiver passando por uma crise de cólica renal, este é o momento ideal para tentar recuperar a pedra para enviar ao laboratório. Para conseguir é recomendado fazer algum tipo de filtro, como estes de coar café, use algum pano que não esteja sendo usado, urine sempre neste filtro, caso o cálculo seja eliminado ele ficará retido neste filtro. Ou poderá, nesta fase, urinar em em um penico, assim poderá ver a pedra eliminada.

Se você eliminou um cálculo, ou foi retirado com cirurgia, ele poderá ser enviado para análise em um laboratório, mas nem todos os cálculos podem receber uma avaliação completa, pedras pequenas não possuem quantidade de material suficiente para realização total dos parâmetros que geralmente são analisados, amostras com peso abaixo de 10,0 mg pode não ser suficiente para teste químico, apenas será possível verificação física, em alguns laboratórios solicitam que tenha pelo menos a medida de 1 x 1 x 2 mm. Caso consiga resgatar a pedra eliminada, procure seu médico e solicite um pedido de exame, depois é só levar em algum laboratório.

Como proceder com o cálculo antes do envio ao laboratório

Quando conseguir “pegar” a pedra, lave bem, guarde em um recipiente limpo e seco, sem usar substâncias conservantes, e mantenha em temperatura ambiente, nestas condições o material pode ficar até 30 dias antes da realização do exame laboratorial físico e químico.

Os rins atuam disponibilizando um volume de água ideal para o organismo exercer funções importantes, mas também tem a capacidade de retirar substâncias desnecessárias, e quando ocorre um desequilíbrio no balanço entre líquidos e produtos sólidos dissolvidos na urina temos uma sobrecarga, assim começa a formar cristais muito pequenos, e estes não se dissolvem, passam então a se juntar e vão crescendo ao longo do tempo até formar pedras grandes que em algum momento resolvem sair dos rins e causam cólicas renais fortes e são eliminados, ou algumas vezes é necessário procedimentos cirúrgicos para retirada.

Tipos de cálculos

Quando o material identificado no cálculo for oxalato de cálcio ou fosfato de cálcio, que ocorre em 75 a 80% dos casos, outros exames devem ser realizados, o cálcio sérico e urinário e a dosagem do PTH sérico. Pessoas que formam este tipo de cálculo geralmente possuem uma alteração metabólica que leva a um acúmulo de cálcio na urina, como hiperabsorção intestinal de cálcio. Drogas como o diurético Furosemida, antiácidos e corticóides podem causar uma sobrecarga de cálcio na urina. Pessoas que estão imobilizadas em função de fraturas geralmente formam cálculos de oxalato de cálcio, além de fatores como vitaminas A e D aumentadas e atividade da glândula paratireóide aumentada.

Os cálculos de ácido úrico são provenientes de hiperuricemia ou hiperuricosúria, 5 a 13% dos cálculos, frequentemente encontrados em pessoas que tem a doença gota. Uma particularidade destes cálculos é que eles são radiotransparentes, não aparecem em radiografias, só são detectados no ultra-som e são os únicos cálculos que podem ser dissolvidos com medicação.

Cálculos de estruvita (fosfato amoníaco magnesiano) São os cálculos associados com infecções urinárias, chamados “cálculo de infecção”, estando associados a infecções por germes desdobradores da uréia – Proteus, Pseudomonas e Klebsiella, cerca de 10 a 28% dos cálculos. Este tipo é mais comum em mulheres.

Os cálculos de cistina são raros e decorrentes de uma rara condição autossômica recessiva, a cistinúria. Ocorrem de 1 a 3% dos casos de cálculo.

Cálculos com associação de ácido úrico e oxalato de cálcio pode ocorrer.

Pessoas com tendência a formar cálculos de oxalato de cálcio ou de ácido úrico devem reduzir a ingestão de sal e proteínas. Até pouco tempo acreditava-se que restringir o uso de cálcio poderia evitar a formação de pedras de oxalalato de cálcio, mas novos estudos indicam que apenas alguns casos podem se beneficiar desta ação, a maioria pode até mesmo prejudicar. Portanto, mulheres que fazem uso do cálcio, não se preocupem, continuem usando o produto.

No caso de cálculos de ácido úrico a medida a ser tomada para evitar é usar os medicamentos para controlar o ácido úrico, fazendo exame de sangue para verificar se o remédio está atuando corretamente.

Os cálculos de indinavir são os únicos cálculos que não são detectados na Tomografia Computadorizada Sem Contraste.

Como o exame será liberado

O resultado do exame varia de um laboratório para outro mas geralmente é liberado avaliando os seguintes dados:

Nos caracteres físicos: forma, dimensões, cor, consistência, superfície, aspecto e peso.
Nos caracteres químicos: carbonato, oxalato, cálcio, fosfato, magnésio, amônio, urato, cistina.
E para finalizar, de acordo com as observações e verificações é emitido a conclusão do exame.

Com base nestes valores e dados clínicos, o médico pode atuar, indicando as restrições necessárias, ou substituindo algum medicamento que esteja colaborando para a formação do cálculo, ou receitando medicação para corrigir alguma disfunção orgânica.

Silvano Vilela
Silvano Vilelahttps://www.plugbr.net/about/
Farmacêutico Bioquímico. Escreve sobre exames laboratoriais, testes de farmácia e tecnologia em saúde. Compartilha neste site que fundou em 2006 as experiências adquiridas dentro de um hospital.

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