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Tipagem sanguínea – o exame, resultado do cruzamentos de sangue pai mãe, e qual doador e receptor universal

Um exame realizado no laboratório é o que identifica o grupo sanguíneo ABO Rh, tipagem sanguínea ou sistema ABO-Rh, o teste é rápido e não requer nenhum jejum antes da coleta de sangue. Mas, como é que se forma os grupos sanguíneos e o fator Rh, quem é o doador universal e o receptor, qual grupo pode doar para qual grupo, e os possíveis e impossíveis filhos de cruzamentos do tipo de sangue do pai e mãe? Neste texto vamos esclarecer estas perguntas em relação aos diferentes tipos de sangue humano.

Identificados no início do século por Landsteiner, o sangue é classificado em grupos, seguindo características das células conhecidas como hemácias, ou glóbulos vermelhos. O que rege a transfusão de sangue entre os indivíduos é a presença de antígenos nas hemácias, e dos anticorpos no plasma sanguíneo. Exame do sangue permite determinar o grupo sanguíneo dos indivíduos e também verificar a presença de antígenos no sangue do doador e de anticorpos no sangue do receptor da transfusão, visando evitar transfusões incompatíveis que causam hemólise (lise ou “quebra”) das hemácias causando complicação leves a graves.

Gene, hemácias, antígenos e o tipo de sangue

Antígenos são substâncias que estimulam o organismo a produzir anticorpos, normalmente o corpo não gera anticorpos contra seus próprios antígenos. Os antígenos da superfície das hemácias ao encontrarem os anticorpos correspondentes, produzem aglutinação celular. Por essa razão, os antígenos dos eritrócitos são também chamados de aglutinógenos.

O tipo de sangue dos indivíduos resulta da combinação de características herdadas de seus progenitores, pai e mãe. Cada indivíduo recebe 1 gene paterno e 1 gene materno, cuja combinação vai determinar o seu tipo sanguíneo. Na espécie humana, existem 3 tipos de genes relacionados aos grupos sanguíneos, conhecidos como gene O, gene A e gene B. Estes genes indicam aos indivíduos os antígenos que devem produzir na superfície das hemácias.

O gene O é um estimulante muito fraco da produção de antígenos; a sua presença, praticamente determina a ausência de antígenos nas hemácias. O gene A determina a presença do antígeno A; o gene B, determina a presença do antígeno B.

O gene O, por ser um estimulante fraco, não influencia o outro gene recebido; ao contrário, sua presença é mascarada pelo outro gene. Portanto, se um indivíduo recebe o gene O de um genitor (pai ou mãe) e o gene A do outro genitor, o seu grupo será o grupo A.

OO – Recebeu o gene O de ambos os genitores.

OA – Recebeu o gene O de um genitor e o gene A do outro.

OB – Recebeu o gene O de um genitor e o gene B do outro.

AB – Recebeu o gene A de um genitor e o gene B do outro

AA – Recebeu um gene A de cada genitor

BB – Recebeu um gene B de cada genitor.

De acordo com os genes existentes podemos ter as seguintes combinações de transmissão hereditária

Os indivíduos com a combinação de genes OA e AA terão o grupo sanguíneo A (pela presença do antígeno A).
Os indivíduos com a combinação de genes OB e BB terão o grupo sanguíneo B (pela presença do antígeno B).
Os indivíduos com a combinação de genes AB terão o grupo sanguíneo AB (pela presença de ambos os antígenos, A e B).
Os indivíduos com a combinação de genes OO terão o grupo sanguíneo O (sem a presença de antígenos).

A base da classificação do sangue em grupos, reside na presença ou não desses antígenos ou aglutinógenos. Desse modo, alguns indivíduos possuem apenas o aglutinógeno A nas suas hemácias. Outros tem o aglutinógeno B, outros podem ter os dois aglutinógenos, A e B presentes e finalmente, outros indivíduos podem não ter nem o aglutinógeno A nem o aglutinógeno B, na superfície das suas hemácias.

reagentes para tipagem sanguínea

Principais grupos da classificação sanguínea

São quatro grupos principais da classificação sanguínea.
Grupo Sanguíneo A – As hemácias tem o aglutinógeno A presente.
Grupo Sanguíneo B – As hemácias tem o aglutinógeno B presente.
Grupo Sanguíneo AB – As hemácias tem os aglutinógenos A e B presentes.
Grupo Sanguíneo O – As hemácias não tem aglutinógeno nem do tipo A e nem do tipo B.

Gens Recebidos – — Grupo Sanguíneo — Antígenos presentes

OO —————————– O —————– —

OA ou AA———————- A ——————- A

OB ou BB ——————— B ——————– B

AB —————————- AB —————— AB

O grupo sanguíneo de um indivíduo, na realidade, nos indica qual o antígeno presente na superfície das suas hemácias, e o resultado do teste serve para determinação da tipagem sanguínea do indivíduo, em relação aos principais antígenos de membrana eritrocitária. Estes dados poderão ser utilizados em rotinas pré-natais ou condições transfusionais.

Em um indivíduo do grupo sanguíneo B, sabemos que as suas hemácias tem o antígeno B.

tipagem sanguínea tubos de teste

Distribuição dos grupos sanguíneos.

Tipo O – 47%

Tipo A – 41%.

Tipo B – 9%

Tipo AB – 3%

O sangue do tipo O é o mais encontrado, enquanto o tipo AB é o mais raro. A distribuição dos grupos sanguíneos na população está mostrada na tabela.

Os anticorpos (aglutininas)

Após o nascimento, aqueles indivíduos que tem o grupo sanguíneo A (antígeno A presente nas hemácias), produzem no seu plasma anticorpos anti-B.

Os indivíduos do grupo sanguíneo B (antígeno B presente), em consequência, irão produzir anticorpos anti-A. Os indivíduos do grupo AB, que tem os dois antígenos, não produzem nenhum tipo de anticorpos e, ao contrário, os indivíduos do grupo O, que não tem nenhum antígeno, irão produzir os dois tipos de anticorpos, anti-A e anti-B. Como a reação entre o antígeno das hemácias e seu anticorpo produz aglutinação das hemácias, os anticorpos do plasma são também chamados de aglutininas, respectivamente aglutinina anti-A e aglutinina anti-B.

Possibilidades de transfusão entre os grupos sanguíneos

Estas características permitem a transfusão de sangue entre diferentes indivíduos, em relação à compatibilidade dos antígenos e anticorpos do sistema ABO.

Como o Grupo O não tem antígeno de nenhum tipo, ele pode ser doado para si mesmo, e para os demais grupos, A, B e AB; o grupo A pode doar para si e para o grupo AB; o grupo B pode doar para si e para o grupo AB e, finalmente, o grupo AB apenas pode doar para indivíduos do mesmo grupo.

O indivíduo do grupo O pode doar para qualquer grupo; por esta razão é conhecido como doador universal. Entretanto, apenas podem receber transfusões do sangue de indivíduos do grupo O. O grupo AB é o receptor universal. Pode receber de qualquer grupo, porém apenas pode doar para outro indivíduo AB; também é chamado de “egoista”.

Na prática, é recomendável que as transfusões sejam feitas entre grupos idênticos; se necessário, contudo, o sangue de grupos compatíveis pode ser utilizado, conforme as características do sistema ABO.

Fator Rh

Além do sistema ABO, existem diversos outros sistemas de antígenos identificados nas células sanguíneas e capazes de produzir reações de incompatibilidade. O mais importante desses é o sistema ou Fator Rh. Este sistema também é rotineiramente estudado, para avaliar a compatibilidade das transfusões de sangue.

Do mesmo modo que no Sistema ABO, os antígenos CDE do Sistema Rh se localizam na superfície das hemácias. O antígeno mais importante do Sistema Rh é o antígeno D. Para simplificar a compreensão do Sistema Rh, vamos admitir que os antígenos C, D e E sejam conhecidos como um antígeno único, chamado antígeno Rh. Rh Positivo está presente em 85% dos indivíduos enquanto Rh Negativo está presente em 15% das pessoas.

Os antígenos do sistema Rh

O grupo de antígenos Rh foi descoberto em uma espécie de macacos chamada Rhesus, de onde foram extraídas as iniciais Rh. Existem seis tipos de antígenos do grupo ou sistema Rh, assim conhecidos: C, D e E (maiúsculas). c, d, e e (minúsculas).

Os indivíduos que tem em suas hemácias um ou mais dos antígenos C, D ou E, será considerado portador do antígeno Rh; este indivíduo é Rh positivo (+). Quando um indivíduo tem apenas um ou mais antígenos fracos, c, d ou e, em suas hemácias e, portanto não possui um antígeno capaz de estimular a produção de anticorpos, ele será um indivíduo do tipo sanguíneo Rh negativo (-).

Ao transfundir sangue Rh positivo a um indivíduo Rh negativo, no momento não acontece reação, mas quem recebeu este sangue irá produzir anticorpos anti-Rh ao longo do tempo, que atingirão um máximo entre 2 e 4 meses.

Caso sofra nova transfusão e o mesmo indivíduo receber outra transfusão de sangue Rh positivo, ocorrerá uma forte reação dos anticorpos anti-Rh formados contra o antígeno Rh recentemente transfundido. Isso acontece porque quem recebeu o sangue ficou “sensibilizado” contra o fator Rh. Por esta razão, os indivíduos Rh negativos devem sempre receber sangue Rh negativo.

Quem é o verdadeiro doador universal

Pela distribuição dos diferentes antígenos nos indivíduos, podemos observar que o tipo sanguíneo comumente encontrado é o tipo O Rh(+) com 38% da população; depois o A Rh+ presente em 35% dos indivíduos; B Rh+ em 8%; O Rh- em 7%; A Rh- em 6%; AB Rh+ em 3%; AB Rh- em 2%; e por fim o tipo mais raro é o tipo B Rh(-).

Como o tipo sanguíneo O Rh(-) não tem nenhum tipo de antígenos nas suas hemácias, este sim é o verdadeiro “doador universal”.

Quando a mulher Rh- casa com um homem Rh+

O fator Rh é muito importante, veja o caso da mulher Rh- que casa com um homem Rh+ e gera um bebê Rh+. O sangue fetal através da placenta estimula o sistema imunológico materno a produzir anticorpos contra o fator Rh do feto. Após a gravidez, a mãe fica “sensibilizada” contra o fator Rh.

Em gestações subsequentes, um novo feto com sangue Rh+ poderá sofrer sérias conseqüências, porque os anticorpos anti-Rh do sangue materno irão agredir as hemácias do feto, causando a condição conhecida como eritroblastose fetal. As mulheres que estão nesta situação devem receber injeção de imunoglobulinas Rh (RhoGAM), para neutralizar os anticorpos existentes.

Possibilidade no cruzamento de tipos sanguíneos do pai e da mãe

Tipo de sangue do pai e da mãe —- Filhos possíveis —–filhos não possíveis

O com tipo O ————————————— O ————————- A, B e AB

O com tipo A ————————————— O e A ———————- B e AB

A com tipo A ————- ————————- O e A ———————- B e AB

O com tipo B ————————————— O e B ———————- A e AB

B com tipo B ————————————— O e B ———————–A e AB

A com tipo B ———————————A, B, AB e O ———————- Não tem

A com tipo AB —————————– A, B e AB —————————– O

O com tipo AB ——————————– A e B —————————– O e AB

B com tipo AB ———————————A, B e AB ————————– O

Ab com tipo AB ——————————-A, B e AB ————————– O

Para fazer o exame de sangue buscando saber o tipo de sanguíneo é simples e barato, além disso o resultado sai no mesmo dia. O teste é solicitado em exames admissionais, gestação, transfusão e também é interessante fixar em local visível do uniforme ou roupa de trabalho em caso de profissões de risco, apesar de ser necessário sempre que for receber transfusão, mesmo sabendo qual o tipo de sangue do receptor, todas as provas pré transfusionais devem ser realizadas.

Silvano Vilela
Silvano Vilelahttps://www.plugbr.net/about/
Farmacêutico Bioquímico. Escreve sobre exames laboratoriais, testes de farmácia e tecnologia em saúde. Compartilha neste site que fundou em 2006 as experiências adquiridas dentro de um hospital.

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